Com o Smile

Critica – Mangá Homunculus

Ano passado estava eu com a seguinte idéia: quero ler mais mangás, mas quero coisas mais adultas. Acabei por ler “Gourmet” de Jiro Taniguchi, uma deliciosa história – deliciosa tanto como literalmente como figurativamente. Após isso decidi por procurar um novo titulo adulto, um que fosse maior, aí então me deparei com Homunculus de Hideo Yamamoto, história que tanto me chamou a atenção que irei dedicar uma critica a tão fantástico título.

A história foca Susumu Nakoshi, aparentemente um morador de rua, ou melhor, morador de carro – sim, ele mora dentro de um carro, o qual ele tem enorme ligação, sendo que ele fica estacionado entre um hotel luxuoso e uma praça cheia de moradores de rua. O seu carro tem tamanha importância na trama que é fato de ser rebocado um dia que faz dar inicio a trama. Mas antes disso acontece uma curiosa oferta por um Manabu Ito, um estranho jovem com piercings e tatuagens – ambos descobertos como acessórios falsos mais a frente na história –, o qual quer que Nakoshi participe de um experimento médico, que é nada mais nada menos que uma trepanação, uma operação que consiste em se fazer um furo no crânio para deixar o cérebro exposto, uma idéia antiga praticada por muitas culturas que acreditavam que a exposição do cérebro daria poderes sobrenaturais para quem o realizasse. Por fim Nakoshi descarta a possibilidade de participar mesmo com Ito lhe oferecendo uma boa quantia em dinheiro em troca. Voltando ao carro rebocado, algo que é expressamente mostrado como mais precioso na vida de Nakoshi, é, como já dito, o que desencadeia o gancho da trama, afinal Nakoshi precisa pagar o carro e o único modo de conseguir o dinheiro é aceitando a bizarra proposta de Ito.

O procedimento é feito sem problemas, afinal não é uma operação difícil, mas as conseqüências seguintes são fantásticas e interessantes quando Ito explica durante um teste para que Nakoshi precisa utilizar o seu lado esquerdo, ele o faz e se depara assustado quando começa a olhar apenas com o olho esquerdo para as pessoas e acaba vendo seus Homúnculos, que são reflexos claros da personalidade de cada pessoa, o problema é que os homúnculos que ele vê são reflexos de semelhanças com problemas dessas pessoas com os dele próprio, nascendo daí uma grande metáfora psicológica e uma grande trama, na qual Nakoshi decide ajudar essas pessoas e descobrir mais sobre si mesmo.

A história é totalmente envolvente, sem despontar em momento algum, apesar do grande uso de páginas para mostrar apenas uma única coisa que dava para transmitir em uma única página – o que apesar de totalmente aceitável em termos artísticos, acaba sendo exagerado, mas de qualquer forma agrada quando consegue aumentar o suspense. A ilustração é outro fator que não deixa margens de reclamações ou dúvidas, afinal ela é super realista, como a narrativa tenta ser, e cria uma química que transforma o mangá tão incrível.

Por fim é difícil achar do que reclamar em Homunculus, a não ser claro, como já dito, a necessidade de mostrar algo, até mesmo simples, com muitas páginas, o que talvez seja responsável pelo fato da história se estender por já 9 mangás com tão poucos arcos contados – aproveitando, alerto para quem for ler que é bom realmente pegar cada volume para ler cada volume com tempo para lê-lo todo de uma só vez, afinal os mangás não tem capítulos e parar no meio da narrativa não é nada legal do meu ponto de vista. Ressaltar também que a edição Brasileira pela Panini é excelente, como a maioria das obras que pública, apesar da fragilidade como as folhas são presas, o que causa a necessidade de um porte delicado com o material para que as folhas não se soltem, mas nada que uma pessoa consciente não possa fazer sem problemas para poder aproveitar com tudo tão excelente material. Fica então ai a dica. 

Nota: 9/10

 

Make a Free Website with Yola.